A salsa (Petroselinum crispum) é uma planta herbácea, bienal, cultivada desde os tempos mais remotos, com origem incerta, embora a opinião mais consensual aponte para as regiões mediterrânicas. Hoje está presente em todo mundo especialmente nas regiões mais temperadas. Inicialmente, a salsa era valorizada pelas suas propriedades medicinais. Mais tarde, graças ao seu sabor distinto, tornou-se numa das aromáticas mais conhecidas e utilizadas na culinária.
A salsa também é conhecida por outros nomes comuns como: salsa-comum, salsa-de-comer, salsa-de-cheiro, salsa-hortense entre outros. Existem diversas variedades que diferem na forma da raiz, do caule e das folhas que podem ser mais ou menos recortadas e frisadas. Dependendo do uso, a variedade pode fazer diferença no resultado.
Cultivar salsa não é complicado, basta ter em atenção alguns cuidados. Se deseja cultivar a sua própria salsa com sucesso, pode seguir as orientações que aqui deixamos.
O solo ideal para cultivar salsa
A salsa requer solos férteis, bem drenados e ricos em matéria orgânica, com pH neutro a ligeiramente ácido, variando entre 6.0 e 7.0. Solos com textura média a leve são os mais recomendados pois proporcionam uma boa aeração e retenção da humidade adequada. No entanto, os solos argilosos ou arenosos também podem ser adequados, desde que sejam enriquecidos com matéria orgânica para melhorar a estrutura e a retenção de água. É importante incorporar composto orgânico ou húmus de minhoca para fornecer nutrientes essenciais e melhorar a saúde do solo.
Quando semear ou plantar a salsa
Em Portugal, a melhor época para a sementeira é no início da primavera, quando as temperaturas começam a subir e o risco de geadas diminui. No entanto, pode ser cultivada durante todo o ano em regiões mais quentes ou com invernos amenos, garantindo proteção adequada contra geadas severas.
A sementeira pode ser realizada diretamente no solo ou em recipientes para posterior transplante. Para uma sementeira bem-sucedida, recomenda-se escolher sementes de boa qualidade independente da variedade (graúda portuguesa; gigante de Itália; comum lisa; frisada; etc.)
As sementes devem ser semeadas a uma profundidade superficial, cerca de 0,5 a 1cm, em linhas espaçadas de 20 a 30 cm. A geminação das sementes é lenta. Pode demorar entre duas a quatro semanas, dependendo da temperatura do solo. A temperatura ideal para a germinação situa-se entre os 15°C e 20°C.
Se a sua opção for semear em local protegido, assim que as mudas tenham cerca de 5 cm de altura, podem ser transplantadas para o local definitivo no jardim ou vaso.
Cuidados a ter no cultivo
Solo – Manter o solo solto ao redor das plantas de salsa é essencial para garantir uma boa drenagem e facilitar o desenvolvimento das raízes.
Ervas daninhas – A remoção regular de ervas daninhas ajuda a reduzir a competição por nutrientes e água, promovendo o crescimento saudável das plantas.
Rega – A salsa requer rega regular para garantir um suprimento adequado de água durante todo o seu ciclo de crescimento. No entanto, é importante evitar o excesso de irrigação, pois o solo encharcado pode levar ao apodrecimento das raízes. É preferível regar as plantas de manhã cedo ou à noite para reduzir a evaporação e minimizar o estresse hídrico durante os períodos mais quentes do dia. Evite molhar as folhas diretamente, pois isso pode aumentar o risco de doenças foliares.
Companheiras: Alecrim, Alho-francês, Beringela, Espargo, Milho, Rabanete, Tomate.
Antagónicas: Aipo, Alcachofra, Alface, Alfazema, Alho-francês, Cenoura, Endro, Ervilha, Feijão.
Pragas e doenças
A salsa pode ser suscetível a algumas doenças fúngicas, como a septoriose, o mofo branco, oídio e míldio, especialmente em condições de alta umidade e pouca circulação de ar. Remova e destrua partes de plantas infetadas para evitar a propagação da doença. Como prevenção para doenças fúngicas, aplique extrato de cavalinha.
Para prevenir doenças, é importante manter as plantas bem espaçadas para permitir uma boa ventilação e evitar molhar as folhas durante a rega. Além disso, a rotação de culturas e a remoção de plantas doentes podem ajudar a controlar a propagação de doenças nas plantas.
A podridão da raiz também pode ocorrer em solos argilosos, compactados e encharcados conjugado com temperaturas do ar elevadas.
Algumas das pragas comuns que podem afetar a salsa incluem afídeos, tripes, ácaros e caracóis. A prevenção é fundamental. Crie um bom equilíbrio na sua horta para que os insetos auxiliares possam ajudar a controlar estas pragas. Faça bom uso das plantas repelentes. No caso de a praga já estar instalada, pode aplicar tratamentos biológicos tais como: Óleo de Neem e sabão inseticida.
Colheita e recolha de sementes
A salsa pode ser colhida quando as folhas atingem o tamanho desejado, geralmente após oito a dez semanas depois da sementeira, dependendo das condições de crescimento. A colheita seletiva das folhas externas e a poda regular dos talos florais, deixando as folhas internas intactas, estimulam o crescimento contínuo das plantas e prolongam a temporada de produção. A colheita deve ser feita de maneira cuidadosa para evitar danos às raízes e promover o crescimento contínuo da planta.
Para a recolha de sementes, deixe que algumas plantas de salsa floresçam e produzam sementes maduras. As sementes podem ser colhidas quando estiverem maduras e secas, geralmente após a formação das sementes e secagem completa da planta. As sementes devem ser armazenadas em local fresco e seco até à próxima sementeira.
Valor nutricional e usos
A salsa é uma excelente fonte de compostos bioativos, incluindo flavonoides, carotenoides e ácidos fenólicos, que exibem propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e digestivas. Além disso, a salsa é rica em vitaminas A, K, C (166mg por 100g) e minerais como ferro, cálcio e potássio, contribuindo para uma dieta equilibrada e saudável.
Na culinária, a salsa é amplamente utilizada como condimento numa grande variedade de pratos, incluindo sopas, pratos de carne, de peixe, de marisco, omeletes e massas, saladas, molhos, marinadas e guarnições. O sabor fresco e herbáceo adiciona um toque de vitalidade aos pratos. Além disso, a salsa pode ser transformada em Pesto, chá e infusões, expandindo ainda mais suas aplicações culinárias e nutricionais.
Como conservar a salsa
Como as restantes ervas, a salsa, depois de colhida, inicia o processo de deterioração. Começa a ser visível pela murcha dos caules e das folhas que são muito delicadas. Contudo é fácil preservar a frescura da salsa por alguns dias. Se for para usar em poucos dias, coloque os ramos num recipiente com água fresca e longe da radiação solar direta.
Se for o caso de ter muita salsa na horta e que guardar para o inverno, a melhor forma de conservar é através da congelação. Para preparar a salsa para ser congelada, comece por inspecionar as folhas e remover as partes danificadas ou murchas. De seguida, lave bem os ramos e coloque em cima de folhas de rolo de cozinha para enxugar o máximo possível de água. Coloque a salsa inteira ou picada em sacos de congelação e guarde no congelador. Outra opção passa por picar a salsa e encher recipientes de cubos de gelo com a salsa já picada e complete com água. Pode descongelar um cubo de cada vez sempre que precisar. A salsa congelada dura vários meses.
