Os pepinos são uma cultura popular em hortas caseiras devido à sua facilidade de cultivo e aos seus múltiplos usos culinários. No entanto, como todas as plantas, os pepinos estão suscetíveis a várias doenças que podem comprometer a produtividade e a saúde das plantas. Este artigo descreve as principais doenças dos pepinos em território português, as suas causas, sinais visíveis e danos, bem como os tratamentos biológicos caseiros recomendados para hortas domésticas.
Tópicos neste artigo
As principais doenças dos pepinos
Os pepinos podem ser afetados por diversos tipos de doenças, que se dividem principalmente em fúngicas, bacterianas e virais. As doenças fúngicas, como o oídio, míldio e antracnose, são comuns e frequentemente causadas por condições de alta humidade. As doenças bacterianas, como a mancha angular, resultam de infeções que se espalham rapidamente em ambientes quentes e húmidos. As doenças virais, como o vírus do mosaico do pepino, são transmitidas por insetos vetores e podem causar deformações nas folhas e frutos.
Compreender os diferentes tipos de doenças é crucial para implementar medidas preventivas e tratamentos eficazes.
Doenças fúngicas
Oídio
Sinais Visíveis: Os primeiros sinais de oídio são manchas brancas e pulverulentas que aparecem nas folhas, caules e, ocasionalmente, nos frutos dos pepinos. As manchas geralmente começam pequenas, mas podem se expandir rapidamente, cobrindo grandes áreas das folhas. À medida que a infeção progride, as folhas podem amarelecer, ficar secas, quebradiças e cair prematuramente. O especto pulverulento das manchas é uma característica distintiva que facilita a identificação da doença.
Causas: O oídio é uma das doenças dos pepinos mais habituais. É uma doença fúngica causada por fungos da família Erysiphaceae, sendo o Erysiphe cichoracearum um dos principais patógenos que afetam os pepinos. Esta doença é favorecida por condições de baixa humidade relativa do ar, temperaturas moderadas (entre 15°C e 27°C), e baixa circulação de ar. A propagação do oídio ocorre através de esporos que são dispersos pelo vento.
Danos: O oídio pode causar sérios danos às plantas de pepino. A cobertura branca nas folhas reduz a capacidade da planta de realizar a fotossíntese, resultando em um crescimento mais lento e menor vigor. A desfolha prematura pode levar à exposição dos frutos ao sol, causando queimaduras solares. A produção de frutos é significativamente reduzida, tanto em quantidade quanto em qualidade.
Míldio
Causas: O míldio é outra das doenças dos pepinos mais comuns. É uma doença fúngica causada pelo patógeno Pseudoperonospora cubensis. Este fungo desenvolve-se em condições de humidade elevada e temperaturas moderadas, sendo mais frequente em períodos de chuva ou irrigação excessiva. O míldio espalha-se rapidamente em ambientes húmidos, onde os esporos podem ser transportados pelo vento e pela água.
Sinais visíveis: Os sintomas iniciais do míldio nos pepinos incluem manchas amarelas angulares nas folhas, que eventualmente tornam-se castanhas e secas. Na parte inferior das folhas, é possível observar um crescimento esporulado cinza-violeta, que é característico do míldio. À medida que a doença avança, as folhas podem murchar, necrosar e cair prematuramente. Eventualmente, também pode atacar os frutos. Nos frutos, o míldio origina deformações e deficiências no desenvolvimento.
Danos: O míldio pode causar danos significativos às plantas de pepino, resultando em uma redução drástica na produção de frutos. A incapacidade das folhas infetadas de realizar a fotossíntese pode enfraquecer a planta, causando a murcha e a morte prematura. Além disso, a qualidade dos frutos pode ser comprometida, com deformações e manchas que os tornam impróprios para o consumo.
Antracnose
Causas: A antracnose é mais uma das doenças dos pepinos incluída nas doenças fúngicas. É uma doença causada fungos como o Colletotrichum orbiculare. Ocorre com mais frequência em condições quentes e húmidas, durante períodos chuvosos ou em locais com alta humidade relativa.
Sinais visíveis: Os sintomas da antracnose geralmente começam como pequenas manchas de água nas folhas, que se expandem rapidamente para formar manchas irregulares de cor castanha a preta. À medida que a doença avança, as manchas podem cobrir grandes áreas das folhas. Nos frutos, a antracnose aparece como manchas necróticas afundadas, frequentemente rodeadas por um halo escuro de tecido morto.
O fungo pode persistir nos restos de cultura no solo ou em sementes infetadas, conseguindo disseminar-se rapidamente durante períodos com as condições favoráveis.
Danos: O enfraquecimento das folhas devido à necrose e a queda prematura podem reduzir a capacidade da planta de realizar a fotossíntese e produzir frutos saudáveis. Além disso, os frutos afetados pela antracnose podem se tornar impróprios para o consumo devido à deterioração e à perda de qualidade.
Doenças bacterianas
Causas: As doenças dos pepinos também podem ser provocadas por diferentes espécies de bactérias fito patogénicas, que podem infetar as plantas através de várias vias, como sementes contaminadas, solo infetado, água de rega contaminada e feridas nas plantas. Estas bactérias multiplicam-se e espalham-se em condições favoráveis, como humidade elevada e temperaturas moderadas.
Mancha angular
A mancha angular é comum entre as doenças dos pepinos. É causada pela bactéria Pseudomonas syringae pv. lachrymans. Manifesta-se através de manchas angulares nas folhas, que podem começar como lesões aquosas e progredir para manchas necróticas, eventualmente levando à queda das folhas e redução da produção de frutos.
Murcha bacteriana
Outra das doenças dos pepinos é a murcha bacteriana que é causada pela bactéria Erwinia tracheiphila e afeta o sistema vascular das plantas, levando à murcha e morte das folhas e caules. Os sintomas incluem murcha súbita das folhas, amarelecimento e necrose do tecido vascular, resultando da perda de turgescência e morte da planta.
Sintomas visíveis: Os sintomas das doenças dos pepinos de origem bacteriana, variam dependendo do patógeno envolvido, mas geralmente incluem manchas foliares de cor escura, necrose de tecidos, deformações nos frutos e murcha das partes aéreas das plantas. As manchas nas folhas podem expandir-se e formar lesões irregulares que podem levar à desfolha prematura.
Danos: As doenças bacterianas podem causar danos significativos aos pepinos, reduzindo a qualidade e quantidade da produção. A murcha bacteriana, em particular, pode ser fatal para as plantas, resultando em perdas substanciais.
Doenças virais
Causas: As doenças virais nos pepinos são causadas por vírus fito patogénicos que podem ser transmitidos por insetos vetores, como pulgões, tripes e moscas-brancas, ou através de sementes infetadas. Estes vírus podem causar sérios danos às plantas de pepino e afetar negativamente a produção. Entre as doenças dos pepinos causadas por vírus, destacamos estas:
Mosaico do pepino
O mosaico do pepino é uma doença viral comum que causa sintomas de mosaico nas folhas, que incluem manchas amarelas ou verdes claras com padrões irregulares. Além disso, os frutos podem apresentar deformações e manchas, resultando em uma redução na qualidade e quantidade da produção.
Vírus do enrolamento das folhas
Este vírus provoca sintomas de enrolamento das folhas, amarelecimento e necrose nos bordos das folhas, resultando num espeto encarquilhado e redução do crescimento das plantas. Os frutos também podem ser afetados, apresentando deformações e manchas.
Sintomas visíveis: Os sintomas das doenças dos pepinos provocados por vírus, variam dependendo do vírus envolvido, mas geralmente incluem mosaico nas folhas, deformações nos frutos, necrose de tecidos e redução do crescimento das plantas. As folhas afetadas podem apresentar manchas irregulares, amarelecimento, enrolamento ou encarquilhamento.
Danos: As doenças virais podem causar danos significativos aos pepinos, resultando em perdas de produtividade e qualidade. Além disso, as plantas afetadas tornam-se mais suscetíveis a pragas e doenças secundárias.
Tratamentos biológicos para as doenças dos pepinos
A prevenção, controlo e tratamento das doenças dos pepinos com recursos biológicos caseiros são essenciais para manter uma horta saudável e produtiva. Através de práticas culturais adequadas e a aplicação de tratamentos naturais, é possível gerir eficazmente as doenças dos pepinos.
Prevenção das doenças dos pepinos
1. Escolha de Variedades Resistentes:
Uma boa prática para evitar as doenças dos pepinos, é optar por variedades que sejam naturalmente resistentes a doenças fúngicas bacterianas ou virais.
2. Rotação de culturas:
Evite plantar pepinos ou outras cucurbitáceas no mesmo local ano após ano. Evite o plantio por um período de pelo menos dois anos. Alterne com outras culturas para reduzir a acumulação de esporos de fungos, acumulação de bactérias ou reduzir a presença de vetores de vírus no solo.
3. Controle de Vetores:
Controle insetos vetores como afídeos, tripes e mosca-branca, que transmitem vírus às plantas. Use métodos biológicos como armadilhas pegajosas amarelas e promova a atração de insetos auxiliares.
4. Isolamento de plantas infetadas:
Remova e destrua plantas infetadas imediatamente para evitar a propagação do vírus a outras plantas.
5. Espaçamento adequado:
Plante os pepinos com espaçamento suficiente para garantir uma boa circulação de ar entre as plantas e reduzir a humidade nas folhas.
6. Rega adequada:
Regue as plantas pela base em vez de molhar as folhas. Se possível, utilize sistemas de rega gota-a-gota para manter o solo húmido sem aumentar a humidade nas folhas.
7. Limpeza e manutenção:
Remova regularmente folhas e frutos doentes ou mortos para evitar a disseminação de fungos. Retirar e destruir os restos culturais.
8. Ferramentas Desinfetadas:
Desinfete as ferramentas de jardinagem antes e após o uso para evitar a disseminação de bactérias entre as plantas.
Tratamento
1. Remoção de partes infetadas:
Corte e elimine as partes das plantas que apresentem sintomas avançados de infeção fúngica, doença bacteriana ou virose para evitar a propagação.
2. Compostagem adequada:
Evite colocar plantas infetadas na pilha de compostagem, pois os esporos dos fungos, as bactérias ou os vírus, podem sobreviver e infetar plantas na próxima temporada.
3. Pulverizações alternadas:
Alterne entre diferentes tratamentos biológicos para evitar que os fungos desenvolvam resistência. Por exemplo, use o leite magro numa semana e o extrato de cavalinha na outra
Controle das doenças dos pepinos
Doenças fúngicas
1. Leite magro:
- Preparação: Misture leite magro com água na proporção de 1:10.
- Aplicação: Pulverize nas folhas dos pepinos semanalmente. Este tratamento é eficaz na prevenção e controlo do oídio.
2. Bicarbonato de sódio:
- Preparação: Misture 1 colher de chá de bicarbonato de sódio com 1 litro de água e adicione algumas gotas de sabão líquido (biodegradável).
- Aplicação: Pulverize nas folhas afetadas para controlar fungos como o oídio e a mancha negra.
3. Extrato de cavalinha:
- Preparação: Ferva 100 gramas de cavalinha fresca ou 10 gramas de cavalinha seca em 1 litro de água durante 20 minutos. Deixe arrefecer e coe a solução.
- Aplicação: Dilua o extrato em água na proporção de 1:5 e pulverize nas plantas a cada duas semanas. Este tratamento é eficaz contra várias doenças fúngicas.
4. Alho:
- Preparação: Triture 5 dentes de alho e misture com 1 litro de água. Deixe repousar durante 24 horas e depois coe.
- Aplicação: Pulverize a solução nas plantas semanalmente para controlar o oídio e outros fungos.
5. Chá de Camomila:
- Preparação: Prepare uma infusão forte de camomila, utilizando 50 gramas de flores secas em 1 litro de água quente. Deixe arrefecer e coe.
- Aplicação: Pulverize a infusão nas plantas semanalmente para prevenir e tratar o oídio.
6. Calda Bordalesa:
- Preparação: Veja aqui como preparar.
- Aplicação: Pulverize a mistura nas plantas, focando-se nas folhas e caules. Use quinzenalmente, especialmente em condições de alta humidade.
Doenças bacterianas
Para o controle das doenças bacterianas nos pepinos, pode usar as seguintes receitas indicadas para as doenças fúngicas:
- 1. Extrato de alho;
- 2. Chá de camomila;
- 3. Leite magro.
4. Chorume de urtigas:
- Preparação: Veja aqui como preparar.
- Aplicação: Dilua o extrato em água na proporção de 1:10 e pulverize nas plantas semanalmente para fortalecer as plantas e aumentar a resistência a infeções bacterianas.
Doenças virais
Para o controle das doenças bacterianas nos pepinos, pode usar as seguintes receitas indicadas para as doenças fúngicas:
- 1. Extrato de alho;
- 2. Extrato de urtigas;
- 3. Chá de camomila.
4. Óleo de Neem:
- Preparação: Veja aqui como usar.
- Aplicação: Pulverize nas plantas a cada duas semanas para controlar os insetos vetores.
Conclusão
A gestão eficaz das doenças dos pepinos é essencial para garantir a saúde e a produtividade das plantas na sua horta. Com a utilização de práticas preventivas e tratamentos biológicos caseiros, é possível minimizar os danos causados pelas doenças fúngicas, bacterianas e virais. A escolha de variedades resistentes, a implementação de uma boa rotação de culturas, e o controle adequado de vetores, são estratégias fundamentais para prevenir a ocorrência dessas doenças.
Adotar tratamentos biológicos caseiros, como o uso de extratos de alho, urtiga, cavalinha, e soluções de leite magro, entre outros, pode ajudar significativamente no controlo e tratamento das doenças dos pepinos. Estas práticas não só são ambientalmente sustentáveis, mas também seguras para a saúde humana e proporcionam uma abordagem eficaz para manter a sua horta saudável e produtiva.