Doenças nos tomateiros da horta – causas e soluções

Doenças nos Tomateiros

O cultivo de tomate em hortas caseiras é uma atividade gratificante, mas pode ser desafiadora devido à suscetibilidade das plantas a diversas doenças. Essas doenças nos tomateiros, podem prejudicar o crescimento das plantas, reduzir a produção e comprometer a qualidade dos frutos. No entanto, o uso de métodos biológicos pode ajudar a prevenir e controlar essas doenças de forma eficaz, sem a necessidade de recorrer a produtos químicos prejudiciais. Neste artigo, abordamos as 5 principais doenças que afetam o cultivo de tomate em hortas caseiras em Portugal, as suas causas, os sintomas visíveis nas folhas, os danos causados e soluções biológicas para lidar com essas doenças.

Classificação das doenças nos tomateiros

As doenças nos tomateiros podem ser classificadas de várias maneiras, dependendo dos critérios utilizados para a sua categorização. Uma das formas mais comuns de classificar as doenças é com base na sua causa ou agente causador. Neste contexto, as doenças nos tomateiros podem ser classificadas em três grandes grupos:

Doenças Fúngicas: Estas doenças nos tomateiros são causadas por diferentes espécies de fungos que atacam várias partes da planta, como folhas, caules e frutos. Exemplos incluem o míldio (Phytophthora infestans), o oídio (Oidium spp.), a murcha de Fusarium (Fusarium oxysporum), a pinta preta (Alternaria solani) e a septoriose (Septoria lycopersici).

Doenças nos Tomateiros - Cancro bacteriano
Necrose marginal típica do cancro bacteriano

Doenças Bacterianas: As doenças bacterianas podem ser especialmente difíceis de controlar devido à sua natureza sistémica. Um exemplo comum é a murcha bacteriana (Ralstonia solanacearum), que afeta o sistema vascular das plantas de tomate, levando à murcha e eventual morte da planta.

Doenças Virais: Estas doenças nos tomateiros são transmitidas por insetos vetores e podem causar uma série de sintomas, incluindo manchas, deformações e amarelecimento das folhas. Exemplos incluem o vírus do mosaico do tomate (TMV) e o vírus do enrolamento das folhas do tomate (TYLCV).

Doenças causadas por Nematoides: estas doenças nos tomateiros são causadas por nematoides parasitas que se alimentam das raízes das plantas. Um exemplo é a infestação por Nematoide-das-galhas (Meloidogyne spp.) que pode causar danos significativos às raízes dos tomateiros, resultando em murcha, amarelecimento e redução no crescimento das plantas.

Requeima – Phytophthora infestans

A requeima, também conhecida como Míldio, é uma doença fúngica que afeta inicialmente toda a parte aérea do tomateiro e com o desenvolver da doença, pode afetar todas as partes da planta. Dias de clima ameno e húmido, acompanhados de orvalho, nevoeiro ou chuva, em que as noites são frescas e os dias são quentes favorecem o aparecimento da doença. Com temperaturas superiores a 30º e humidades reduzidas não consegue ter condições para sobreviver.

A requeima pode ser transmitida diretamente de plantas infetadas para plantas saudáveis através do contato entre folhas, água de chuva ou irrigação, e até mesmo por meio de ferramentas de cultivo contaminadas.

Doenças nos Tomateiros - Phytophthora infestans
Sintomas de requeima nas folhas

O agente causador, é capaz de sobreviver fora da época de produção de tomate de diversas formas, incluindo como micélio associado aos restos de cultura de tomate e batata, bem como em vegetação espontânea.

A propagação da doença ocorre principalmente através do vento e da água. Esta forma de disseminação pode permitir que o míldio atinja grandes distâncias, especialmente em condições climáticas favoráveis.

Os sintomas incluem inicialmente manchas foliares de descoloração verde-claro ou amarelada, que rapidamente se expandem para manchas aquosas e viscosas, acompanhadas por pústulas de esporulação nas folhas. Conforme a infeção avança, as folhas afetadas murcham, enrolam-se para baixo e podem desenvolver necrose, resultando na queda das folhas. Além disso, a requeima pode infetar os frutos, causando manchas escuras, enrugadas e aquosas, que levam à podridão completa.

A requeima pode comprometer significativamente o sucesso do cultivo caseiro de tomates, uma vez que pode limitar muito a produção. Além disso, a qualidade dos frutos afetados pode ser tão prejudicada que não são adequados para consumo, resultando numa experiência frustrante para quem investiu tempo e esforço no cultivo.

Podridão cinzenta – Botrytis cinerea

A Podridão cinzenta, também conhecida como mofo cinzento, é bastante comum entre as doenças nos tomateiros da horta. É causada pelo fungo Botrytis cinérea. Desenvolve especialmente em condições de alta humidade e temperaturas moderadas, sendo mais prevalecente em ambientes húmidos e mal ventilados.

Doenças nos tomateiros - Botrytis-cinerea
Sintomas de Podridão cinzenta

Todos os órgãos aéreos do tomateiro podem ser afetados, a qualquer momento durante o seu desenvolvimento, mas os principais sintomas manifestam-se principalmente durante a frutificação e nos caules. Começam com manchas escuras e aquosas nas folhas, hastes e frutos do tomateiro. Essas manchas gradualmente ficam cobertas por um cinza aveludado, que consiste nos esporos do fungo. Com o tempo, as áreas afetadas podem se tornar macias e desintegrar-se, resultando na podridão completa dos tecidos.

Pode causar danos significativos nas plantas e resultar numa perda significativa de qualidade e quantidade da colheita. Além disso, a infeção pode enfraquecer as plantas, tornando-as mais suscetíveis a outras doenças.

Pinta-preta – Alternaria solani 

A pinta-preta é causada pelo fungo Alternaria solani e é uma das doenças nos tomateiros mais comuns e prejudiciais. O fungo produz esporos que são dispersos pelo vento, água da chuva e respingos de irrigação, facilitando sua propagação e infeção das plantas.

O sintoma mais característico da pinta-preta são as manchas escuras e circulares que aparecem nas folhas dos tomateiros. Inicialmente, essas manchas podem ser pequenas e de cor castanho-escura, mas tendem a aumentar de tamanho com o tempo. Conforme a infeção progride, as manchas nas folhas podem se tornar necróticas, desenvolvendo uma coloração mais escura e uma textura necrosada.

Doenças nos Tomateiros - Pinta preta
Sintomas de Pinta-preta | credito da imagem

Em casos graves de infeção, as folhas afetadas podem murchar e secar prematuramente, resultando na queda precoce das folhas. Isso pode enfraquecer a planta e afetar sua capacidade de produzir frutos saudáveis. Além das folhas, a pinta-preta também pode afetar os frutos. Os sintomas nos frutos incluem manchas escuras, necróticas e deprimidas.

Fusariose – Fusarium oxysporum

A Fusariose é mais uma doença fúngica que se destaca entre as doenças nos tomateiros. É causada por diferentes espécies de fungos do gênero Fusarium, sendo as mais comuns o Fusarium oxysporum e o Fusarium solani. O Fusarium oxysporum é o único que cresce dentro do sistema vascular da planta hospedeira e espalha-se na direção do ápice.

Estes fungos são conhecidos por sua capacidade de sobreviver no solo durante longos períodos, o que torna a doença persistente em áreas onde ocorreu anteriormente.

Podem ser transmitidos através do solo contaminado, sementes infetadas, resíduos de culturas anteriores e água de irrigação contaminada e ferramentas contaminadas. A Fusariose é mais comum em solos húmidos e quentes. Solos com fraca drenagem são propícios para o desenvolvimento da doença.

A doença ocorre em qualquer época ou fase de desenvolvimento do tomateiro, mais frequentemente em plantas adultas a partir dos estádios de florescimento e frutificação. O fungo invade e coloniza os tecidos internos das plantas, sendo o murchamento repentino e gradual das folhas, um dos primeiros sinais visíveis. Começa nas folhas mais velhas e espalha-se para o restante da planta.

As folhas das plantas infetadas podem apresentar descoloração, começando pelas margens e espalhando-se para o restante da folha. As folhas podem mudar de verde para amarelo, castanho ou vermelho-escuro, dependendo da gravidade da infeção.

Doenças nos Tomateiros Fusarium oxysporum
Sintomas de Fusariose

Conforme a infeção progride, podem aparecer manchas necróticas nas folhas, caules e ramos das plantas. Essas manchas são inicialmente de cor castanha com um aspeto seco e enrugado. Em casos mais avançados de Fusariose, partes das plantas, como folhas, ramos e até mesmo caules inteiros, podem começar a morrer.

À medida que a infeção se intensifica, pode ocorrer um murchamento permanente, onde as folhas murchas não se recuperam mesmo após a rega. Isso ocorre quando a infeção atinge um estágio avançado que compromete severamente o sistema vascular das plantas.

Vírus do mosaico do tomateiro (ToMV)

O Vírus do Mosaico do Tomateiro (ToMV, do inglês Tomato Mosaic Virus) é uma das doenças nos tomateiros mais comuns que afetam os tomateiros em todo o mundo.

O ToMV pertence à família Virgaviridae e ao gênero Tobamovirus. Ele é transmitido principalmente através de contato com materiais contaminados, como partes da planta, ferramentas, mãos, luvas e roupas. É muito estável e permanece viável por longos períodos nas áreas contaminadas, em partes de plantas secas e ferramentas. Durante os procedimentos de poda e amarra, é facilmente transmitido de uma planta a outra. 

As plantas infetadas podem servir como fonte de inoculo para a disseminação do vírus para outras plantas saudáveis, contribuindo para a propagação da doença.

O sintoma mais característico é o aparecimento de padrões de mosaico nas folhas dos tomateiros. As manchas claras ou escuras e irregulares nas folhas, lembram um mosaico. Além do mosaico, as folhas infetadas podem apresentar encarquilhamento ou distorção, especialmente nas bordas.

As plantas afetadas pelo vírus do mosaico do tomateiro geralmente mostram um crescimento reduzido, com caules mais curtos e menos ramificação em comparação com plantas saudáveis.

A produção de frutos pode ser fortemente afetada, resultando em frutos menores, deformados ou com menor qualidade em comparação com plantas não infetadas.

Em casos graves de infeção, os tecidos das folhas e caules podem desenvolver necrose, resultando em manchas escuras ou áreas mortas nos tecidos vegetais.

Doenças nos Tomateiros Vírus do Mosaico
Sintomas do Vírus do Mosaico

Tratamentos preventivos das doenças nos tomateiros

Para controlar as doenças nos tomateiros, é essencial adotar uma abordagem integrada, que inclui medidas preventivas e manejo cultural. Esta abordagem integrada no controle das doenças nos tomateiros pode variar consoante sejam doenças fúngicas ou doenças virais.

Escolha de sementes de qualidade: Selecionar sementes certificadas e livres de doenças é o primeiro passo para prevenir a introdução de patógenos fúngicos e virais que originam doenças nos tomateiros.

Rega: Muitas das doenças nos tomateiros podem ser evitadas se não forem molhadas as folhas durante a rega. Use métodos de irrigação que direcionem a água diretamente para a base das plantas.

Espaçamento adequado: Cultivar com bom espaçamento contribui para reduzir as doenças nos tomateiros pois promove uma boa circulação de ar ao redor das plantas e isso ajuda a reduzir a humidade nas folhas e minimiza o risco de infeção.

Remoção de plantas infetadas: Ao detetar sinais de infeção, remova imediatamente as partes afetadas. Isso pode incluir folhas, caules ou frutos infetados. Descarte os restos vegetais de maneira adequada, longe da horta, para evitar a disseminação dos fungos.

Tratamentos preventivos: Alguns fungicidas biológicos à base de extratos de plantas, como a Sálvia, Alho, Bardana, Tanaceto e a Cavalinha têm propriedades antifúngicas que podem ter efeitos inibidores sobre as doenças. Veja aqui como fazer esses fungicidas.

O óleo de Neem pode também ser usado na prevenção e no combate. Os compostos presentes no óleo de Neem interferem nos processos fisiológicos dos fungos, como a germinação de esporos, o crescimento do micélio e a produção de estruturas reprodutivas, inibindo assim o desenvolvimento. Veja aqui como preparar.

Doenças nos Tomateiros - Mancha Bacteriana
Sintomas de Mancha Bacteriana

Rotação de culturas: Evite plantar tomates ou outras plantas da mesma família ou suscetíveis a doenças fúngicas ou virais no mesmo local da horta por várias épocas consecutivas. A rotação de culturas ajuda a interromper o ciclo de vida dos causadores das doenças.

Uso de Mulching: Utilize cobertura morta (mulching) ao redor dos tomateiros para reduzir a salpicadura de esporos do solo para as plantas, ajudando a prevenir as infeções por patógenos fúngicos que dão origem a doenças nos tomateiros.

Manejo adequado do solo: Mantenha o solo saudável e bem drenado, pois isso ajuda a reduzir o estresse das plantas e a torná-las menos suscetíveis a infeções fúngicas e virais.

Monitorização regular: Realize uma inspeção regular das plantas para detetar sinais precoces de infeção por doenças fúngicas e virais. Quanto mais cedo as doenças forem identificadas, mais fácil será controlá-las. Procure manchas, deformação nas folhas, nos caules ou nos frutos.

Controle de insetos vetores: Implemente medidas de controle de insetos vetores, como afídeos, tripes e moscas-brancas, que são responsáveis pela transmissão dos vírus. Isso pode incluir o uso de armadilhas, inseticidas caseiros e cultivo de plantas repelentes.

Controle da vegetação espontânea: Mantenha a área ao redor das plantações livre de plantas hospedeiras dos vírus, pois isso pode reduzir a presença de vetores e a transmissão dos vírus que originam doenças nos tomateiros.

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