Tripes – Como identificar e combater esta praga na horta

Tripes

Os tripes são um verdadeiro pesadelo para quem cuida de uma horta. Talvez nunca tenha visto nenhum a olho nu. São tão pequenos que muitas vezes só são percetíveis quando os sintomas na planta já são evidentes. São insetos sugadores que podem causar bastantes danos às culturas e são transmissores de vírus para as plantas. Este artigo vai ajuda-lo(a) a conhecer melhor os tripes, as espécies mais prejudiciais, como as identificar e combater de modo biológico.

Os tripes medem entre 1 e 2 mm de comprimento. Na maioria das espécies, as fêmeas são maiores do que os machos. Têm um corpo estreito e alongado, com aparelho bucal do tipo sugador e dois pares de asas franjadas, apesar de não serem muito especializados em voar.

As cores podem variar muito. Há espécies de cor castanha, preta, amarela, branca, laranja, etc. A maioria das espécies de tripes são fitófagos, ou seja, alimentam-se de plantas. Há também espécies predadoras e outras micófagas (alimentam-se de fungos ou esporos de fungos fungos).

Os tripes pertencem à ordem Thysanoptera, e dividem-se em duas subordens, a Terebrantia que apresenta um ovipositor externo e em forma de serra para colocar os ovos dentro das folhas das plantas, e a Tubulífera, que possui o último segmento abdominal em forma de tubo e não apresenta ovipositor externo. Esta última põe os ovos em grupos, sobre as folhas.

Os tripes se reproduzem de forma sexuada ou por partenogênese arrenótoca; ou seja, as fêmeas podem produzir machos a partir de ovos não fertilizados, mas as fêmeas surgem apenas de ovos fertilizados. A eclosão pode levar um dia ou algumas semanas, de acordo com a espécie e as condições ambientais.

Ciclo de vida dos tripes

O ciclo de vida depende das espécies de tripes, bem como da localização, planta hospedeira e outros fatores. Os tripes adultos hibernam em restos de plantas, cascas ou outros materiais. Eles se tornam ativos no início da primavera e põem ovos no tecido vegetal. Os ovos são ovais ou em forma de rim, brancos e com cerca de 0,2 mm de comprimento e eclodem após 3 a 5 dias dando origem às ninfas.  

As ninfas costumam ter coloração mais clara, olhos vermelhos, não possuem asas e alimentam-se da seiva das plantas. Após completarem duas fases de estágio larvar, muitas caem no solo para pupar e se tornam adultos. Podem ocorrer de 12 a 15 gerações de tripes por ano e o ciclo completo de ovo a adulto pode levar 16 dias apenas, no auge do verão. Com temperaturas menos elevadas, os tripes adultos vivem cerca de um mês.

Tripes Frankliniella occidentalis Ciclo de vida

Estragos nas culturas

As espécies de tripes com mais impacto em Portugal são:  Frankliniella occidentalis e Thrips tabaci. A Frankliniella occidentalis é a que mais estragos causa na cultura de tomate (especialmente em estufa), sendo variedades de tomate Cherry as mais sensíveis a esta praga.

Esta espécie alimenta-se perfurando as células da planta com a sua armadura bucal e sugando o seu conteúdo. Da sua alimentação resultam manchas prateadas ou necróticas na folhagem, flores e frutos e leva a deformações nas flores e nas folhas. Também podem alimentar-se de pólen e dos ovários de flores, resultando em aborto floral, deformações nos frutos e frutos descorados. Os estragos diretos na cultura não resultam só da alimentação dos tripes, mas também resultam da postura, principalmente nos frutos em desenvolvimento. Contudo, o estrago mais grave causado por esta espécie deve-se à sua capacidade de transmitir vírus, nomeadamente a murcha do tomateiro (TSWV sigla em inglês)

Mas, não é só o tomate que é afetado pelos tripes. Também causam sérios estragos em pimento, beringela, pepino, courgette, melancia, morango, melão, feijão, couve, cenoura, alho, cebola, beterraba, figo e vinha. Também atacam plantas ornamentais como: gladíolos, rosas, azáleas, crisântemos, petúnias, íris etc.

Esta espécie alimenta-se perfurando as células da planta com a sua armadura bucal e sugando o seu conteúdo. Da sua alimentação resultam manchas prateadas ou necróticas na folhagem, flores e frutos e leva a deformações nas flores e nas folhas. Também podem alimentar-se de pólen e dos ovários de flores, resultando em aborto floral, deformações nos frutos e frutos descorados. Os estragos diretos na cultura não resultam só da alimentação dos tripes, mas também resultam da postura, principalmente nos frutos em desenvolvimento. Contudo, o estrago mais grave causado por esta espécie deve-se à sua capacidade de transmitir vírus, nomeadamente a murcha do tomateiro (TSWV sigla em inglês)

No caso de um ataque por tripes, as folhas das plantas tornam-se pálidas, manchadas, muitas vezes com tonalidade bronzeada ou prateada e depois caem. Os brotos tornam-se retorcidos. As flores e frutos ficam feios, com cicatrizes e pequenos. Os tripes instalam-se sobretudo no lado inferior das folhas. Também os ovos e as larvas podem ser encontrados no lado inferior das folhas. Outro sinal claro e seguro a indicar um ataque por tripes, são as gotas escuras de excrementos.

Estragos Tripes
Fêmea de Frankliniella occidentalis e estragos em folhas te tomateiro

Como combater os tripes

Prevenção

A prevenção e controle regular dos tripes deve fazer parte da manutenção periódica na horta. A inspeção regular das plantas à procura de pragas e doenças pode revelar os primeiros sinais do ataque, para que se faça um controle efetivo antes que seja tarde demais. Procure por danos e por aglomerados de pragas próximos às bainhas foliares e pecíolos. Uma lupa pode ser muito útil para este trabalho.

Existem algumas “habilidades” que podem usadas para descobrir se os tripes estão instalados em alguma planta. Se suspeitar que alguma planta está afetada, pode confirmar por sacudir a planta suspeita sobre uma folha de papel branco. Ninfas ou adultos vão cair no papel e serão visualizados com maior facilidade. Para os tripes da cebola, use papel escuro e bata as pontas do cebolo contra ele; se os tripes estiverem presentes, você verá seus corpos bronzeados no papel. Este cuidado é de extrema importância quando trazemos plantas novas para a nossa horta. Nestas a observação deverá ser mais cuidadosa e as plantas atacadas devem ser destruídas e corretamente descartadas (queimadas) de imediato.

Para detetar a presença desta praga de forma precoce em tomateiros é necessário vigiar os botões florais, local onde as fêmeas depositam os ovos no interior dos tecidos, provocando feridas que secam a zona afetada.

Outro método preventivo consiste em espalhar pela horta armadilhas adesivas de cor azul forte. Os tripes sentem-se muito atraídos por esta cor. O uso destas armadilhas é útil para o diagnóstico e controle da fase adulta dos insetos. Mas fique atento, muitos adultos nas armadilhas, assim como em flores, não significam obrigatoriamente que alguma ação é necessária. Algumas espécies se alimentam unicamente de pólen e fazem um importante trabalho de polinização. Se não houver danos às plantas, os tripes podem estar em equilíbrio e a utilização de algum controle pode afetar este delicado equilíbrio natural.

Armadilhas para tripes

Controle biológico

Os tripes têm bastantes predadores, mas é importante que eles estejam presentes na horta no momento certo. Deve plantar plantas, aromáticas e flores que atraem esses inimigos. Entre os inimigos naturais dos tripes estão as joaninhas, crisopas, ácaros predadores (Amblyseius cucumeris), vespas parasitoides (Megaphragma mymaripenne e Thripobius semiluteus) e percevejos (Orius spp, Macrotracheliella spp).

Outra opção de controle biológico passa por ter na horta plantas repelentes de tripes. Plantas como: coentro, tagetes, hortelã, calêndula, mastruz, absinto ou arruda, libertam substâncias voláteis que repelem os insetos sugadores adultos, mantendo-os afastados das hortaliças.

Tratamentos biológicos contra os tripes

Quando os tripes já estão instalados nas culturas, é possível fazer tratamentos biológicos para eliminar a praga. Um dos produtos biológicos mais eficazes contra os tripes é o óleo de Neem. Pode ser usado de modo seguro nas hortaliças e arvores de fruto. Veja aqui como usar corretamente o óleo de Neem na horta.

Tripes Thrips tabaci
Thrips tabaci (imagem ampliada) e presente nos caules da cebola

A terra de diatomáceas também pode ser usada com eficácia como preventivo e como tratamento. Veja aqui como usar a terra de diatomáceas na horta.

Similarmente, pode aplicar inseticidas à base de sabão que existem à venda já preparados. Siga as indicações da embalagem ou um inseticida biológico aprovado à base do fungo Beauveria bassiana 203, que é uma alternativa sustentável e eficiente em qualquer fase de desenvolvimento do inseto.

Inseticidas alternativos

Calda de farinha de trigo
Ingredientes:
20 g de farinha de trigo
1 L de água

Preparação: Coloque a farinha de trigo aos poucos num recipiente com 1 litro de água. Agite muito bem até os ingredientes estarem bem misturados. Coe e pulverize nas plantas.

A calda de farinha vai matar os tripes por asfixia. Com o passar do tempo, a calda seca ao sol, formando uma camada branca de pó que cobrirá os insetos. Depois, pela ação do vento, essa película vai sendo removida das folhas. Esta calda também é eficiente contra outros insetos sugadores e alguns tipos de lagartas.

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