A solarização do solo é um método de desinfeção barato, ecológico e eficaz para o combate de uma variada gama de infestantes, doenças e pragas das plantas.
Esta prática começou a ser desenvolvida em Israel nos anos 70 e rapidamente outros países também ensaiaram e aplicaram este método. Os primeiros ensaios em Portugal começaram nos anos 90 e os estudos desenvolvidos revelaram resultados muito promissores, demonstrando uma influência positiva sobre a fertilidade dos solos.
Embora seja um processo já muito usado em produção integrada e agricultura biológica, pode também ser usado de modo eficaz no cultivo em pequenas hortas.
Vejamos então como pode fazer a solarização do solo na sua horta.
Quando fazer a solarização do solo
Visto que a solarização do solo baseia-se no aproveitamento da energia solar, obviamente que deve ser feita nos meses de maior calor. Em Portugal, o ideal seria entre julho e setembro pois são os meses com radiação solar mais intensa.
Também é importante ter em conta que a sua horta pode não precisar de solarização. Se o solo é produtivo e não tem problemas sérios com infestantes, fungos ou pragas, talvez por enquanto não precise de fazer solarização do solo.
No entanto, se o terreno que quer cultivar esteve muito tempo abandonado, se está repleto de infestantes ou tem problemas de produtividade e de pragas, então a solarização do solo é uma boa opção a considerar.
Como fazer a solarização do solo
- A área que pretende solarizar, deve ser limpa de plantas e detritos. Isso inclui limpar os restos de culturas anteriores.
- Faça uma mobilização do solo cavando cerca de 20 a 30 cm de profundidade. Este processo é importante para uma melhor absorção da água.
- Deixe o solo o mais plano possível para evitar a formação de bolsas de ar entre a superfície do solo e o plástico.
- Rege abundantemente toda a área que quer solarizar. O solo deve ficar bem encharcado.
- Logo de seguida, cubra o solo com um plástico transparente (não use plástico branco ou preto; eles não permitem uma boa infiltração da radiação solar). Estique muito bem o plástico para não ficar com dobras que poderiam dar origem a bolsas de ar. Quanto mais “colado” o plástico estiver ao solo, menos bolsas de ar poderão surgir permitindo assim uma maior retenção do calor. De preferência, esta parte deve ser feita num dia de temperaturas elevadas.
- Para criar uma boa selagem, deve prender o plástico nos extremos, enterrando-o em pequenas valas de modo que fique bem esticado.
- Deixe em repouso por 4 a 6 semanas.
- Depois desse período, o solo não precisa de repouso. Pode logo de seguida plantar novas culturas.
Rega adicional
Em solos normais, a cobertura de plástico vai manter a humidade necessária no solo durante todo o período de solarização. A humidade constante é essencial para que seja produzido vapor todos os dias. O vapor é necessário para matar nematóides, sementes de infestantes e ovos de insetos no solo.
Contudo, em solos mais arenosos com uma textura mais ligeira, a capacidade de retenção de água é mais fraca e pode ser necessário instalar um sistema de rega gota-a-gota por baixo do plástico. Desse modo, poderá efetuar regas adicionais se necessário.
Para saber se é necessário voltar a regar, deve observar o plástico pela manhã. Normalmente, gotas de água aparecem na parte inferior do plástico bem cedo todas as manhãs e desaparecem ao meio do dia. Se notar que a quantidade de gotas na parte inferior do plástico vai diminuindo de dia para dia, é hora de ligar a irrigação e repor a água do solo.
Como funciona a solarização do solo
A radiação solar vai aquecer a água presente no solo. Como a condensação não tem por onde sair, o solo vai reter o calor e atingir temperaturas capazes de matar bactérias, fungos, insetos, nematóides, ácaros, ervas infestantes e sementes de ervas infestantes. Além disso, também estimula a libertação de vários nutrientes presentes no solo.
A solarização do solo tem efeitos secundários?
Alguns argumentam que assim como a solarização do solo elimina os organismos prejudiciais, também vai prejudicar os organismos que são essenciais para as culturas. No entanto, estudos científicos feitos em Portugal e em outros países sobre o assunto, não confirmam esse ponto de vista.
A título de exemplo, um estudo sobre a influência da solarização do solo sobre bactérias responsáveis pela fixação livre do azoto em condições aeróbias (Azotobacter spp.) e em condições anaeróbias (Clostridium pasteurianum) mostra que “…relativamente à Azotobacter spp. houve um decréscimo após a solarização, mas passados dois meses os níveis populacionais eram muito superiores (30% mais elevados) aos verificados no solo não solarizado. Quanto a C. Pasteurianum, após um elevado aumento das populações no solo solarizado (45% mais elevado do que no solo não solarizado), decorridos dois meses, os níveis populacionais eram semelhantes em ambos os solos… Efeitos semelhantes foram verificados relativamente a outras bactérias, as responsáveis pela fixação simbiótica do azoto, Rhizobium spp.” (CÉSAR, 1992; PINTO & CÉSAR, 1999).
Conclusão
A solarização do solo é um meio de luta eficaz e não deixa um vazio biológico. Apresenta um efeito protetor face a numerosos inimigos das culturas e que não acaba logo após o período posterior à solarização. É seguro para si e para o ambiente.