Camomila – boa para a horta e para a saúde

Camomila

A camomila é uma das plantas medicinais que há mais há mais tempo é usada pelo homem. Já os egípcios a reverenciavam. Não existe apenas uma espécie de camomila. As duas mais comuns entre nós são: a camomila-vulgar (Matricaria recutita), vulgarmente chamada de Camomila-alemã e a Camomila-romana (Chamaemelum nobile) também conhecida por Camomila-de-paris ou Macela. Existem outras espécies de camomila mas que em Portugal são bastante raras ou inexistentes. Por exemplo: a camomila-dos-tintureiros (Anthemis tinctoria) ou a falsa-camomila (Anthemis arvensis).

Neste artigo, vamos apenas abordar as mais conhecidas e abundantes em Portugal: a Camomila-alemã e a Camomila-romana (a mais abundante). Veremos as diferenças entre as duas espécies; como podem ser cultivadas; os benefícios para a horta e como podem ser usadas a nível medicinal.

A Camomila é uma planta vivaz pertencente á família Asteraceae (a mesma família das margaridas). É nativa da zona do mediterrânica e da Europa Ocidental, mas está bem distribuída um pouco por todo mundo.

São plantas pequenas e compactas. Tem um crescimento cespitoso e difundem as ramificações pelo solo, o que as torna ideais para relvados e jardins. Os cones de um amarelo brilhante das flores são embalados com floretes de disco ou tubulares e são cercados com cerca de quinze floretes de raios brancos ou ligulados.

Quando são pisadas, libertam um agradável aroma semelhante ao da maçã. Curiosamente, o nome camomila deriva da palavra grega para a planta e significa “maçã da terra”.

Diferenças entre espécies

Existem cerca de 25 espécies de camomila. No entanto, como já mencionamos, vamos falar apenas das duas mais comuns e mais usadas. A alemã (Matricaria recutita) e a romana (Chamaemelum nobile).

A alemã é cultivada anualmente. Tem folhas emplumadas muito perfumadas e flores semelhantes a margaridas. Tem um crescimento em altura que pode atingir os 60 cm.

Não é considerada uma camomila verdadeira, mas produz o mesmo óleo essencial e em maior quantidade. São as flores desta espécie que são usadas para o chá de camomila. Tem uma química semelhante à romana, mas um aroma menos pronunciado.

A romana é perene com folhas finamente divididas e perfumadas e flores emplumadas semelhantes às margaridas. As flores são menos abundantes do que na camomila-alemã, mas são mais perfumadas. É considerada a verdadeira camomila. Tem um crescimento mais rasteiro podendo atingir os 20 cm. É muitas vezes usada como cobertura de solo ou para servir como tapete em jardins.

Como cultivar

A forma de cultivo destas variedades é muito semelhante. Podem ser cultivadas ao ar livre e no interior. No cultivo ao livre, os rebentos ou mudas podem plantar-se em maio em solo devidamente cavado e revolvido. No cultivo no interior, a sementeira – em particular da alemã – é feita no início da primavera em recipientes com um substrato de boa qualidade. As mudas podem ser transplantadas cuidadosamente quando atingirem os 5 cm de altura.

É fácil propagar a romana por divisão. A divisão é uma boa maneira de evitar o crescimento excessivo da planta. Corte uma seção da planta com as raízes intactas e separe-a da planta mãe. Coloque num vaso e enterre-o num buraco ao nível do solo. Mantenha o solo húmido até que um novo crescimento surja.

Gosta de sol direto, solo bem drenado e leve com ph médio. Quando a planta está bem estabelecida, precisa de poucos cuidados. Quase não precisa de fertilização. Alias, fertilização em excesso vai originar muita folhagem com sabor amargo e menos produção de flores. A época de floração ocorre entre maio e agosto e a época da colheita entre junho e agosto. Pode e deve ser podada. A poda estimula o novo crescimento e mais produção de flores.

Quando as plantas são jovens deve regar regularmente para manter o solo húmido, mas sem encharcar. À medida que envelhecem e se estabelecem, são mais tolerantes à seca e aguentam mais tempo sem serem regadas.

Pode ser cultivada em vasos colocados em varandas ou janelas. Devem receber pelo menos 4 a 6 horas de luz solar por dia. Exigem rega mais regular, mas sem depositar água nas bases dos vasos.

Pragas e doenças

Normalmente, a camomila não é afetada por muitas pragas. No entanto, piolhos e tripes às vezes podem ser um problema. Facilmente são tratados com sabão inseticida. Se surgirem manchas castanhas nas folhas, pode ser um ataque do fungo Botrytis cinérea. Trata-se com um fungicida biológico. Também pode ser causado por excesso de rega.

Benefícios na horta

Camomila com piolhos
Camomila-alemã infestada de piolhos pretos protegidos pelas formigas

São muitas a vantagens de ter camomila na horta. Talvez a espécie mais recomendada para a horta, seja a camomila-alemã. A maioria dos insetos fica longe da camomila. Muitas vezes é recomendada como planta companheira para as culturas na horta. O seu cheiro forte mantém as pragas afastadas.

No entanto, piolhos, cochonilhas e tripes parecem ser uma exceção. Estes insetos gostam da camomila, especialmente o piolho preto. Plante-a junto de culturas que são mais suscetíveis ao piolho. Quando a planta estiver com piolho, pode podar a parte atacada. Se a infestação for em toda a planta, arranque-a fora e destrua-a de um modo que elimine os piolhos. Também é usada para prevenir pragas nos pepinos.

Como colher e secar as flores

Para colher flores para o chá, colha-as quando estiverem totalmente abertas. Retire as flores com uma mão enquanto segura o caule logo abaixo da flor com a outra. Deixe os caules na planta para estimular a formação de novos botões. A colheita pode ser feita durante todo o verão e deve ser regular para incentivar mais flores.

Para secar as flores, espalhe-as numa bandeja, numa única camada e coloque-as num lugar quente e seco, longe da luz solar, durante 10 a 15 dias. Depois de estarem muito bem secas, guarde-as num frasco hermético num lugar fresco, seco e escuro. Além de usar as flores secas para fazer o chá, também pode usa-las para pot-pourri.

Recolher sementes

Para fazer recolha de sementes, deve esperar até que as flores de camomila-alemã sequem por completo na planta. Corte-as, agite para soltar as sementes e guarde-as num local fresco e seco. Em média, o poder germinativo dura 4 anos.

Usos medicinais

A camomila é uma planta com muitas propriedades curativas e preventivas. As flores secas contêm muitos terpenóides (hidrocarbonetos naturais) e flavonoides (compostos bioativos com propriedades antioxidantes, antivirais, antibacterianas e anti-inflamatórias) que contribuem para suas propriedades medicinais que estão bem documentadas em todo mundo.

O uso mais popular é na forma de chá. Estima-se que sejam consumidas mais de um milhão de chávenas por dia. O chá é frequentemente tornado antes de dormir pois proporciona um sono contínuo e tranquilo. Pode comprar as saquetas já prontas ou preparar uma infusão com flores frescas. Para uma chávena de chá use quatro a cinco flores. Para o chá não ficar amargo, use apenas as cabeças das flores. Não use as folhas ou caules. Também pode usar flores secas.

Normalmente, para o chá e extratos é usada apenas a camomila-alemã (Matricaria recutita)

Chá de Camomila

Internamente, a camomila é administrada em casos de gastrite, úlcera gástrica, enterites, meteorismo intestinal, diarreia e cistite (infeção e inflamação da bexiga). Os gargarejos de chá são indicados para faringites e amigdalites.

As inalações de vapor de camomila são usadas no tratamento de constipações e sinusites, podendo evitar as complicações se forem usadas a tempo.

Os banhos de assento de camomila são usados no tratamento das hemorroidas e das perturbações menstruais.

A infusão de camomila pode ainda ser usada em lavagens e compressas para o tratamento de feridas infetadas, úlceras e inflamações cutâneas.

Os óleos essenciais são amplamente utilizados em cosméticos e aromaterapia.

Os efeitos secundários da ingestão de chã são muito raros. Em geral é necessária uma dose diária muito elevada para sentir algum efeito secundário.

Também uma percentagem reduzida de pessoas é sensível à camomila e desenvolve reações alérgicas. Pessoas sensíveis à ambrósia e crisântemos ou outras espécies da família Asteráceas são mais propensas a desenvolver alergias de contato à camomila.

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