Existem mais de 10.000 provérbios ou ditados populares na Cultura Portuguesa. Isso é bom sinal. Significa que ao longo de gerações, soubemos preservar o que já foi descrito como “a sagacidade de um e a sabedoria de muitos, “a voz da experiência e os evangelhos da arte de viver no mundo” e “a sabedoria de um Povo.” Para muitos, os provérbios agrícolas são a forma mais eficaz de transmissão do conhecimento. Selecionamos alguns dos Provérbios Agrícolas Portugueses mais interessantes. Disfrute.
Provérbios Agrícolas Mês a Mês
Provérbios Agrícolas – Janeiro
– Janeiro geadeiro, nem boa meda nem bom palheiro.
– Janeiro greleiro não enche o celeiro.
– Janeiro mijão não dá palha nem pão.
– Janeiro molhado, se não cria pão, cria gado.
– Quem azeite colhe antes de janeiro, azeite deixa no madeiro.
– Se queres ser bom ervilheiro, semeia no crescente de janeiro.
– Trigo de janeiro engorda o carneiro.
– Trovoada em janeiro, nem bom prado, nem bom palheiro.
Provérbios Agrícolas – Fevereiro
– Chuva de fevereiro vale um estrumeiro.
– Em fevereiro chuva, em agosto uva.
– Não chovendo em fevereiro, não há bom prado nem bom colmeiro.
– Neve de fevereiro presságio de mau celeiro.
– Neve que em fevereiro cai das serras, poupa um carro de estrume às vossas terras.
– Quando não chove em fevereiro, não há bom prado nem bom palheiro.
– Quando não chove em fevereiro, nem bom prado, nem bom centeio.
Provérbios Agrícolas – Março
– Em março, espetam-se as rocas e sacham-se as hortas.
– Março chuvento ano lagarento.
– Março chuvoso, São João farinhoso.
– Poda em março, vindima no regaço.
– Secura de março, ano de vinho.
– Trovoada em março, semeia de alto a baixo.
– Vento de março e chuva de abril fazem o maio florir.
– Inverno de março e seca de abril deixam o lavrador a pedir.
– Em Março, ouga a erva com o sargaço.
– Em Março, ouga a noite com o dia, e o pão com o sargaço.
– Em Março, as noites com os dias, e os centeios com os matos.
Provérbios Agrícolas – Abril
– Abril frio, traz pão e vinho.
– Em abril sacha e semeia que o céu te abençoa e te remedeia.
– Em abril, a natureza ri.
– Abril, frio e molhado, enche o celeiro e farta o gado.
– Águas de abril são molhos de milho.
– Em abril, pelos favais vereis o mais.
– Quem em abril não varre a eira e em maio não sacha a leira, anda todo o ano em canseira.
– Vinha que rebenta em abril dá pouco vinho para o barril.
– Vinho que rebenta em abril não rebenta barril.
– Luar de Abril come os renovos aos mil.
Provérbios Agrícolas – Maio
– A boa cepa, maio a deita.
– Água de Maio, pão para todo o ano.
– Em maio verás a água com que regarás.
– Maio frio e junho quente: bom pão, vinho valente.
– Quando em maio não troa, não é ano de broa.
– Quando maio chegar, quem não arou tem que arar.
– Maio frio, junho quente, torna o lavrador valente.
– A erva, maio a dá, maio a leva.
Provérbios Agrícolas – Junho
– A chuva de São João tolhe a vinha e não dá pão.
– Até ao São Pedro tem o vinho medo.
– Em junho foice em punho.
– Feno alto ou baixo, em junho é cegado.
– Junho floreiro paraíso verdadeiro.
– Nevoeiro no São João estraga o vinho e não dá pão.
– No dia de São Pedro, vai ver o teu olivedo, e se vires um bago, conta um cento.
– No mês de São João, para estar bem há-de cobrir o milho o rabo do cão.
Provérbios Agrícolas – Julho
– Em julho, reina o gorgulho.
– Dia de São Tiago, pinta o bago.
– No dia de São Tiago, vai à vinha e prova o bago.
– Pelo São Tiago na vinha acharás bago; se não for maduro será inchado.
– O castanheiro quer em julho ferver e em agosto beber.
– Pelo São Tiago cada gota de água vale um cruzado.
– Malha pelo São Tiago é de agrado, mas a de agosto já não dá gosto.
– Nevoeiro de São Pedro põe em julho o vinho a medo.
– Por Santa Ana, limpa a pragana.
Provérbios Agrícolas – Agosto
– Água de Agosto, açafrão, mel e mosto.
– Cava e esterco em agosto, lavrador alegra o rosto.
– Chuva de Agosto apressa o mosto.
– Chuva fina por Santo Agostinho é como se chovesse vinho.
– Em agosto deve o milho ferver no caroço e a castanha no ouriço.
– Em agosto, toda a fruta tem seu gosto.
– Em agosto, vale mais vinagre que mosto.
– Não é bom o mosto colhido em agosto.
– Quando chover em agosto, não compres mosto.
– Os nabos querem ver o luar de agosto.
– Se não debulhas em agosto, terás sempre desgosto.
Provérbios Agrícolas – Setembro
– Dia de São Mateus começam as enxertias.
– Dia de São Mateus vindimam os sisudos e semeiam os sandeus.
– Em setembro, planta, colhe e cava, que é mês para tudo.
– Em Setembro planta, colhe, cava e ri, que os santos e São Miguel velam por ti.
– No pó semeia, que setembro to pagará.
– Para vindimar, deixa setembro acabar.
– Pelo São Mateus pega nos bois e lavra com Deus.
– Setembro molhado, figo estragado.
– Quem planta no São Miguel, vai à horta quando quer.
– Por São Vicente alça a mão da semente.
– Em Setembro, ramo curto, vindima longa.
Provérbios Agrícolas – Outubro
– Com a vinha em outubro, come a cabra, engorda o boi e ganha o dono.
– Em outubro não fies lã; recolhe o teu milho e o teu feijão, senão de Inverno tens a tua barriga em vão.
– Em outubro sê prudente, guarda pão, guarda semente.
– Em outubro, pelo S. Simão, favas no chão.
– No S. Simão, fava na mão.
– Outubro chuvoso torna o lavrador virtuoso.
– Outubro pega tudo.
– Outubro sisudo recolhe tudo.
– Por São Martinho, semeia favas e linho.
– Quando outubro for erveiro, guarda para março o palheiro.
– Se em outubro demorares a terra a lavrar, pouco hás-de enceleirar.
Provérbios Agrícolas – Novembro
– Cava fundo em novembro, para plantares em janeiro
– De Santos ao Natal, é bom chover e melhor nevar.
– Em dia de S. Martinho semeia os teus alhos e prova o teu vinho.
– Em novembro, prova o vinho e planta o cebolinho.
– No dia de São Martinho, vai à adega e prova o vinho.
– Novembro à porta, geada na horta.
– Pelos Santos, favas por todos os cantos.
– Quem em novembro cava, o tempo estraga.
– Se queres pasmar teu vizinho, lavra, sacha e esterca pelo São Martinho.
Provérbios Agrícolas – Dezembro
– Em dezembro, chuva; em agosto, uva.
– Em dia de São Tomé, favas à terra.
– Quem quer bom alhal tem de o semear pelo Natal.
– No Natal, tem o alho bico de pardal.
– Pelo Natal, sacha o faval.
– Quem vareja antes do Natal deixa azeite no olival.
– Pelo Natal se houver luar, senta-te ao lar; se houver escuro, semeia outeiros e tudo.
– Santa Bárbara por responso ou devoção afasta os raios para os montes que não dão palha nem pão.
– Pelo Natal, poda natural.
Provérbios Agrícolas Portugueses – Culturas
– A boa horta disse que a sachassem e não regassem.
– Abóbora semeada na Lua Cheia, dá abóbora e meia.
– Lua nova muita rama e pouca abóbora.
– Lua cheia, abóboras como areia.
– De ruim cabaça não sai boa pevide.
– Aonde alhos há, vinho haverá.
– Quem quiser o alho cabeçudo sache-o pelo Entrudo.
– Como vires o faval, assim espera pelo alhal.
– Os piolhos vêm com as favas e vão com as uvas.
– Semeia a fava a passo de cabra.
– De pequenino se torce o pepino.
– O repolho e o cevão têm de ficar prontos no Verão.
– Os amores e o trigo vêm no tempo dos melões.
– Quem quer couves aos braçados, cava-as todos os sábados.
– Couve: esterca-me uma vez e sacha-me uma vez.
– Entre couve e couve, alface.
– Semeia a ervilha a passo de filha.
– Semeia nabiças no pó e, por elas, não tenhas dó.
– Semeia-me no pó e de mim não tenhas dó, diz o nabo.
– Tudo se quer no seu tempo, e os nabos, pelo advento.
– Vinha onde pegue, horta onde regue.
– Planta muitas vezes transportada, não cresce nem mingua.
– Poda tardio, semeia temporão; acertarás quatro anos e um não.
– Quando a Lua minguar, não deves começar.
– Quem semeia basto, gasta mais e colhe menos.
– Bom estrume e bom lavor, trás tudo num primor.
– Chão pisado não dá erva.
– Não há boa terra sem bom lavrador.
– Trovoada da terra para o mar, toma os bois e vai lavrar; do mar para a terra, ceva-os bem e vai para a taberna.
– Aduba as terras, verás como medras.
– Quem guarda bolota, guarda estrume.
– Quando não o dão os campos, não o dão os santos.
– O estrume cria a novidade.
– Na terra barrenta a areia é estrume.
– Mata a sede à terra que ela te matará a fome.
– O milho quer sol na folha e água na raiz.
– O primeiro milho é dos pardais.
– Uma boa nevada faz a terra bem estrumada.
– A má erva depressa nasce e tarde envelhece.
– A má erva mata a boa.
– A terra cria ervas boas e más.
– Lágrimas de sermão e chuva de trovoada caem na terra e não valem nada.
– Onde nasce a lagarta aí se farta.
– Se não arrancas a silveira, sofre a videira.
– No crescente por diante vides podes enxertar, e em todo o minguante faz muito por podar.