Louva-a-deus

Louva-a-deus Mantis religiosa

O louva-a-deus é um inseto que fascina os humanos há séculos. Os registos mostram que os antigos egípcios, assírios e gregos, acreditavam que o louva-a-deus tinha poderes proféticos e sobrenaturais. Eram capazes de identificar a localização de objetos, animais ou pessoas perdidas. Na França antiga, acreditavam que um louva-a-deus era capaz de levar uma criança perdida para casa.

Nos nossos dias, o louva-a-deus ainda é considerado especial. Em algumas partes de África, acreditam que traz boa sorte se um louva-a-deus pousar num humano. Na China e no Japão, o louva-a-deus é reverenciado por seus movimentos graciosos e formas contemplativas. Inclusive, os seus movimentos inspiraram dois estilos conhecidos de antigas artes marciais chinesas. São muitas vezes vitos como um símbolo de equilíbrio e paciência. Antes de atacar, eles observam atentamente os seus alvos e são conhecidos por fazerem poses estratégicas.

É fácil perceber a origem do nome louva-a-deus. Deve-se ao modo como seguram a frente de seus corpos e posicionam suas enormes patas dianteiras quando estão em repouso, parece que eles estão a orar ou a meditar. Curiosamente, a palavra do grego antigo mantis, significa “profeta”.  

Atualmente, são conhecidas mais de 2000 espécies de louva-a-deus e podem ser encontrados em todos os continentes, exceto na Antártida. A maioria das espécies habita ambientes tropicais e subtropicais.  O tamanho varia muito consoante a espécie. Podem ir dos 3 aos 8 cm, embora algumas espécies tropicais podem crescer até aos 20 cm ou mais.

Em Portugal, são conhecidas nove espécies. A mais abundante é o louva-a-deus-comum (Mantis religiosa). É uma das espécies que atinge maiores dimensões com as fêmeas a atingirem oito centímetros de comprimento.

São especialistas em camuflagem. Muitas vezes, estão ao nosso lado e nem os vemos. A cor mais comum é o verde ou o castanho. Contudo, muitas espécies assumem a cor do seu habitat que as rodeia. Eles podem imitar folhas, galhos, flores e até outros insetos. Algumas espécies tropicais conseguem assemelhar-se tanto com flores que alguns polinizadores chegam a pousar neles em busca de néctar.

A sua estrutura também é fantástica. Têm pescoço longo e flexível que se dobra facilmente, permitindo que girem a cabeça 180° de um lado para o outro, dando-lhes um campo de visão de 300°. Na cabeça, têm uma armadura bucal trituradora, antenas longas e delgadas, grandes olhos capazes de focar o mesmo local ao mesmo tempo e 3 ocelos (órgãos sensoriais que detetam a intensidade e direção da luz, mas não são capazes de formar imagens) entre as antenas. Tórax longo. As patas anteriores são preênseis, com espinhos que ajudam a reter a presa. A rapidez destas é tal que podem caçar moscas em voo.

São animais solitários. As fêmeas são maiores do que os machos. Embora possuam asas, são fracos voadores (as fêmeas voam pior do que os machos). O acasalamento do louva-a-deus ocorre entre agosto e outubro. É frequente a fêmea comer o macho durante ou após a cópula, começando pela cabeça, pois os gânglios nervosos que controlam os movimentos de cópula são controlados nos abdominais que são devorados no fim.

A postura dos ovos ocorre no outono. Os ovos são depositados juntamente com uma espuma que endurece, constituindo uma ooteca (involucro) que pode conter entre 200 a 300 ovos. As larvas emergem na primavera (maio/junho) já com o inseto plenamente desenvolvido.

Utilidade do Louva-a-deus na horta

Louva-a-deus a comer Mantis religiosa

A sua utilidade na horta é reconhecida há muito tempo. É um dos insetos auxiliares mais uteis. Têm um apetite voraz e comem tudo que lhes passe pela frente, moscas, mosquitos, formigas, traças, grilos, afídios ou gafanhotos e por vezes, podem até alimentar-se de presas três vezes maiores do que eles. Também comem insetos benéficos na horta, mas a sua preferência é pelos insetos que coincidentemente causam os maiores danos às culturas da horta.

Quase sempre atacam de emboscada aproveitando as suas capacidades de camuflagem. Com muita paciência, esperam que as suas presas estejam suficientemente perto, e de seguida, num décimo de segundo, desferem um golpe certeiro com as patas anteriores que são como garras e ajudam a segurar a presa enquanto é consumida.

As crias são caçadoras vorazes logo desde o início. À medida que vão crescendo, o tamanho das suas presas vai aumentando de modo correspondente.

Contrariamente ao que alguns dizem, o louva-a-deus não é venenoso.
São uma ajuda importante no controlo de pragas na horta.

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